sábado, 22 de setembro de 2007

Máquina das Senhas

A Citação: "E que é que eu faço com isto?" (com a senha na mão)

Será possível......

Isto foi mais o menos o que pensei cerca de 10 minutos, não, minto, 7 minutos após tomar contacto com um novo colega de trabalho, mas já velho conhecido, num dia que em principio até parecia que ia correr bem.
Como disse, eu já conhecia o novo colega mas nunca tinha tido uma relação muito próxima, não por má vontade ou inimizade, mas por falta de pachorra... o homem é mesmo chato, mas no entanto eu sou do tipo de pessoa que acha que todos merecem uma segunda oportunidade... no caso dele algumas vinte novas oportunidades... Mas voltando à história que se faz tarde, cruzei-me com o novo colega e cumprimentei-o e nesse exacto instante a pessoa que se encontrava com ele, utilizando de reflexos supersónicos e de um jogo de cintura raramente visto fora de programas da National Geografic, literalmente despeja o "fardo" dele para as minhas costas com esta subtil interpelação: "Ai vocês já se conhecem?? Que bom! Olha se não te importas mostra aqui ao colega o local de trabalho." e sem mais se afasta com um ritmo de marcha capaz de deixar para trás muito atleta olimpico e deixando-me a nitida sensação que eu lhe acabava de tirar das costas um peso enorme.

Cheio de boa vontade lá fui eu apresentar ao colega de trabalho as instalações da nossa empresa dando enfase aos pontos normalmente mais utilizados, a cantina, a reprografia e a sala onde os colegas de trabalho se encontram quando não estão a cumprir com diligência as suas tarefas, até aqui a conversa foi bastante banal... mas eis que nos cruzamos com o objecto que ainda hoje me provoca gargalhadas cada vez que me aproximo ou vejo alguém a aproximar-se dele: a MÁQUINA DAS SENHAS!! tcham tcham tchammmmmmmm.... o blog não dá musica... por isso imaginem o som de um daqueles filmes de suspense antigos... ao ver a máquina eu digo ao colega que ali na empresa não se utiliza dinheiro, é atribuido a cada um um cartão magnético e todas as compras são feitas a partir dali, tendo nós que recarregar o cartão sempre que o saldo termina. Simples não é? Também eu pensava que sim até começarem as perguntas...

pergunta número um: " E então como é que depois o pessoal sabe o que é que eu comprei?" resposta: " A máquina dá uma senha no fim da operação e tu entregas a senha ao funcionário."

Pergunta número dois: " e a quem é que eu entrego a senha? "
resposta: " isso vai depender... se tirares uma senha de material da reprografia entregas ao funcionário da reprografia se for da cantina por exemplo, entregas ao funcionário da cantina"

pergunta numero três : " e como é que eu sei se a senha é para a reprografia ou para a cantina?" ... eu aqui fiquei parado por instantes a pensar se ele estava a gozar comigo ou se de facto tinha estado a falar para o boneco, não me consegui aperceber exactamente do que se passava porque ele tem um sorriso, tipo paralisia facial, que é dificil de perceber se está no gozo ou se está comatoso, quando a realidade assentou e eu me lembrei de com quem estava a falar lá consigo articular uma resposta " Bom... quer dizer... se tu tirares um café... por exemplo, tens de entregar a senha na cantina... se forem fotócopias, vai ter de ser na reprografia"

pergunta numero quatro "eu aí só vejo coisas da cantina, e se eu quiser cópias?"
resposta: "Olha tens aqui um menu que permite selecionar exactamente o que queres, material da reprografia ou papelaria, bar\cantina, e outras coisas, saldo, etc."

pergunta numero 5 " mas se eu tenho as senhas para que é que eu preciso do cartão?"
... aqui eu fiz um esforço muito grande para não dizer algo do género : "Mas tu estás a gozar comigo ou achas que eu sou teu pai??? vai chatear outro pá!" Resposta : "tu precisas do cartão... para tirar a senha...."

pergunta 6 " E quando é que me dão o cartão?"
eu aqui cometi um lapso... ele já me tinha perguntado isso.... logo que vimos a máquina e eu já lhe tinha dado a resposta que passo a escrever e que repeti ipsis verbis, sem falhar virgula:
resposta " tu só chegaste hoje, é normal que para o fim da semana ou na próxima já tenham isso preparado, é tudo uma questão de ires passando na secretaria e perguntar se já está pronto ou não... se calhar até te dão um provisório e depois preparam o definitivo."

pergunta 7 " e quando tiver o cartão é só passar na reprografia para tirar as cópias não é?"
pfffffffffffffff estava quase quase a desmanchar-me a rir, tal era a tragédia
resposta: "não, tens de tirar a senha... mas só precisas de "comprar" as cópias se forem pessoais...se forem para a empresa ou para colaboradores, etc. não precisas da senha para as fotocópias."

pergunta 8 " e como é que eu tiro a senha?"

Juro que pensei que ele estava a gozar comigo... mas aquele sorriso tipo paralisia era impossivel de descortinar... então comecei de novo:

resposta " olha pronto eu volto a passar o cartão e tiro uma senha para o bar"

Marco o pin, explico-lhe que o pin do cartão provisório é sempre o mesmo e por isso mal ele o receba tem de alterar o pin e finalmente pergunto-lhe eu se ele quer um café... ó diabo... esqueci-me que este rapaz já esteve internado numa instituição mental ( a mesma para a qual eu estava pronto para ir no fim da conversa das senhas) e que deve andar medicado, então com ar de caso eu pergunto:

" Tu PODES tomar café?"

Ao que ele muito afoito responde: " sim sim, claro que posso tomar café, porque não havia de puder?" tudo isto enquanto que o sorriso de comatosa passa para um sorriso nivel 3, ainda amarelo mas mais largo.

Então eu acedo á maquina introduzo o pin carrego no café e sai uma senha, que eu imediatamente e por força de hábito passo ao novo colega

pergunta número 9: " E O QUE É QUE EU FAÇO COM ISTO??"

Juro, juro mesmo, que se fosse um dos meus amigos ou alguém sem incidentes de internamento do foro mental a fazer a pergunta, a minha resposta teria sido: " Olha mete-a no cu a ver se saem donuts!!"

Sendo quem era e porque sou um homem calmo, ou era até aquele dia, respirei fundo e disse: "anda comigo á cantina que eu mostro-te" e segui em direcção á cantina. Quando chegamos á cantina o rapaz de senha na mão enquanto falavamos de tudo menos de senhas, por que eu estava à beira do limite, o raio do gajo confrontado com três senhoras vestidas de branco a servirem comes e bebes a uma multidao de gente em troco de senhas me pergunta:

pergunta numero 10 : " a quem é que eu entrego isto??"

Eu já estava convencido que a medicação devia estar a ter algum efeito mas esta foi a gota de água... a medicação provavelmente estava a ser injectada por anões muito pequininhos enquanto nós falavamos porque... porra... um homem com aqueles estudos não pode ser tão denso quanto aquilo... era impossivel... mas infelizmente, também era verdade. Dei por mim a tirar-lhe a senha da mão enquanto a entregava a funcionária... enquanto que tcharammmmm!! nova e final pergunta:

pergunta final: "Olha para as fotocopias então também tenho de tirar senha não é??"

A minha cara deve ter esticado ao ponto do queixo tocar no chão, eu tentava concentrar-me na resposta, mas isso era impossivel enquanto ele articulava mais um sorriso escala três na paralisia facial e depois voltava ao normal enquanto esperava a minha resposta...

resposta final: " Sim... se forem para ti.... para a empresa... não precisas...."


Uma vez mais afirmo que isto é a mais pura realidade, qualquer semelhança com um qualquer sketch dos gatos é de certeza a coincidência mais parva à face da terra.

Espero que apreciem a leitura e que se lembrem: se o vosso colega é chato e denso, lembrem-se que o nosso é bem pior!

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